Blog de Bartô Nascimento: Rompendo alguns Mitos sobre Israel e Palestina

Rompendo alguns Mitos sobre Israel e Palestina


Não há palavras meigas para falar do conflito Israel-Palestina. É preciso ser claro: desde a criação de Israel em 1947, imposta à bala pela ONU quando a Palestina vivia sob o domínio do Reino Unido, o povo palestino vem sofrendo uma campanha genocida de expulsão de suas terras ancestrais. O exército sionista, que já anexou a maior parte da Cisjordânia para Israel, criou na Faixa de Gaza o  maior campo de concentração da atualidade, onde sobrevivem mais 1.500.000 palestinos amontoados em um território de apenas 362 km². Expulsos de suas terras, abandonados pelos governos árabes, negados os direitos humanos mais básicos, e sob o constante ataque de Israel, o povo palestino não tem opção há não ser resistir. Nos últimos dias temos testemunhado uma nova onda de ataques aéreos de Israel à Faixa de Gaza, que perante a supremacia militar da máquina de guerra de Israel, munida dos caças mais modernos e até de armas nucleares, se defende com foguetes rudimentares, que pouca capacidade tem de causar dano à Israel. A grande mídia burguesa, claramente à serviço dos interesses sionistas, transforma vítima em agressor, valoriza a vida de um israelense 1000 vezes mais que a de um palestino. Por sádica ironia histórica, e sob a eterna proteção do sentimento de dívida do ocidente  pelo holocausto, o mesmo povo que sofre as atrocidade do genocídio na Segunda Guerra Mundial impõe agora ao povo palestino os status de untermenschen, de vilão sub-humano que deve ser odiado coletivamente por sua natureza irreconciliavelmente vil. Eu tomo este momento, em que Israel ameaça repetir a operação Cast Lead (Chumbo Fundido), em que 1,735 palestinos foram brutalmente assassinados pela máquina de guerra israelense, e outros 8,308 feridos, para desvendar alguns dos mitos que são propagados pela imprensa burguesa.


MITO #1 - A TERRA DE ISRAEL HISTORICAMENTE PERTENCE AOS JUDEUS, E NÃO AOS PALESTINOS -  Enquanto que a mídia tacha os palestinos como extremistas muçulmanos, usa textos bíblicos do Velho Testamento, uma mitologia religiosa com pouca ou nenhuma veracidade histórica, para justificar que Israel é a terra prometida dos judeus, e que todos os problemas dos judeus se devem à diáspora após serem expulsos de Israel. Assim, ignorando a história e refugiando-se em fantasias religiosas, os sionistas alegam que os judeus são os donos legítimos de Israel, negando toda a Palestina. Afinal das contas, os judeus são o povo escolhido por Deus, e Israel a terra que Deus lhes prometeu, pois assim está escrito no Torá. Pouco importa para os sionistas que historicamente os judeus habitavam apenas uma parcela diminuta da totalidade dos território que hoje pertence à Israel, e que o povo judeu nunca foi expulso dessas terras. Durante as Cruzadas, judeus lutaram lado à lado os muçulmanos para defender essas terras dos Templários e demais cristãos invasores. O povo que historicamente tem habitado essas terras é o POVO PALESTINO, que em relação à religião pode ser muçulmano, judeu ou cristão. Quando foi criado Israel em 1947, como reparação pelo sofrimento o povo judeu nas mãos do Terceiro Reich, uma enxurrada de judeus EUROPEUS armados desembarcou na Palestina, judeus brancos e sem nenhuma ligação com a Palestina à não ser pela mitologia de sua religião. Os palestinos que não eram judeus foram expulsos de suas casas à força de faca e bala, processo que se agravou ao longo da história e continua agora, período histórico em que pouco sobrou da Palestina. Mesmo com todas suas particularidades, podemos fazer um paralelo do povo palestino com os povos originários das Américas: foram expulsos de suas terras por EUROPEUS BRANCOS que dizem agir em NOME DE DEUS. A Palestina pertence ao povo que habita suas terras à milhares da anos, ou à invasores europeus? A resposta parece evidente.


MITO #2 - OS MUÇULMANOS HISTORICAMENTE ODEIAM JUDEUS, E POR ISSO NÃO PODE HAVER PAZ - Este é o pano de fundo mitológico com o qual a mídia pinta uma imagem dos palestinos e muçulmanos em geral como um povo intolerante, que por suas convicções religiosas é dotado de ódio mais profundo e insensato pelos judeus. Isto pouco tem à ver com a realidade, tanto historicamente quanto teologicamente. Historicamente, até a criação de Israel, os judeus sempre encontraram refúgio nas nações islâmicas. Enquanto que na Europa o povo judeu vinha sofrendo desde a época dos romanos, e sofreram um genocídio nas mãos da Igreja Católica durante a Inquisição, nos países muçulmanos desfrutaram de relativa liberdade e estabilidade. Inclusive viveram em tranquilidade nas áreas mouras da Europa, e posteriormente, foram perseguidos quando os cristãos retomaram essas áreas. O período mouro no sul da península ibérica é até considerado a época de ouro dos judeus na península, em que fizeram grande avanços para a ciência e a matemática. Teologicamente, o Islamismo, assim como o Judaismo e o Cristianismo, também considera Abraão como o patriarca de sua religião. Com relação aos cristãos, os muçulmanos reconhecem Jesus como um de seus profetas, sendo que Maomé é seu profeta máximo. O Islamismo, teologicamente, é tão intolerante quanto o Judaismo, que considera os judeus o povo escolhido de Deus, e quanto o Cristianismo, que considera que todos os que não aceitam Jesus como messias irão para o inferno para queimar eternamente. Pela proximidade teológica, os muçulmanos na história sempre deram um tratamento melhor à Judeus e Cristãos do que deram à povos que não eram monoteístas, pois sua divergência maior é em relação ao messias prometido, o profeta máximo de Deus, e não à Deus em si. No próprio Alcorão está escrito que "Os fiéis, os judeus, os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que crêem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão". Vale lembrar também que grande parte dos judeus ortodoxos são contra a existência do Estado de Israel. Onde então que a relação do Islamismo com o Judaismo tornou-se azeda? A resposta é clara, à partir da criação do Estado de Israel e da anexação  israelense de Jerusalem, cidade sagrada tanto para o Judaismo, quanto para o Cristianismo e o Islamismo. A cidade, sagrada para os muçulmanos, vive sob a sombra Estrela de Davi na bandeira israelense, num Estado em que persiste, ainda no século XXI, um apartheid dos mais ferrenhos que já existiu. Mesmo dentro de Israel, cidadãos israelenses judeus possuem mais direitos do que cidadãos israelenses cristãos ou muçulmanos, assim como negros possuíam menos direitos que brancos no apartheid da África do Sul. Ao contrário do senso comum propagado pela mídia burguesa, o conflito na Palestina não é tanto religioso quanto é POLÍTICO: inicia-se com a expulsão do povo palestino da Palestina, e da negação da Palestina como nação. Não se trata de uma disputa entre religiões para afirmar qual que é legítima, se trata de um conflito entre EXPLORADOS e EXPLORADORES, entre um POVO NATIVO e um POVO INVASOR BRANCO. O Golias, neste caso, é Israel!
MITO #3 - ISRAEL ESTÁ APENAS SE DEFENDENDO DE AGRESSÕES PALESTINAS - Com a propagação desta mentira, a mídia burguesa legitima os ataques israelenses à Palestina, e transforma o agredido em agressor. A agressão inicial deste conflito, em 1947, foi a expulsão dos palestinos cristão e muçulmanos de boa parte de suas terras por judeus europeus fortemente armados pelas potências ocidentais que venceram a Segunda Guerra Mundial. De lá pra cá, todos os conflitos na Palestina continuam partindo desta injustiça que foi cometida contra o povo palestino. Várias guerras tem passado, e cada vez mais Israel se ocupou os territórios palestinos, negando à este povo até sua própria nacionalidade. O que sobrou da Palestina hoje é apenas uma triste sombra fragmentada em várias ilhas isoladas, rodeadas pelas Forças de Ocupação Israelenses. Os palestinos reclamam o direito de retorno às suas terras, e perante o clamor de justiça desse povo, Israel responde com todo o peso de seu aparato bélico. Chamam o Hamas de terrorista,  quando este consegue no máximo lançar alguns foguetes que raramente conseguem atingir um alvo, ou encontrar algum jovem desesperado e desiludido ansioso para tornar-se mártir e acabar logo com a miséria de sua vida. A PM do Rio de Janeiro mata um número muito maior de civis em um ano do que o Hamas tem matado em toda sua existência. Já os ataques das Forças de Ocupação de Israel, munidas com os armamentos mais modernos e letais, que tem assassinado dezenas de milhares de civis nas últimas décadas, isso sim podemos chamar de terrorismo. Comparar o Hamas, com seus foguetes fajutos, à Israel, que possui armas nucleares, é ridículo. Para que esta comparação possa fazer um mínimo de sentido, é preciso valorizar a vida de um israelense muito mais que a de um palestino, e é justamente isso o que a mídia burguesa vem construindo.

Enquanto o mundo ficar em silêncio, povo palestino continuará sendo massacrado por Israel. É necessária toda a solidariedade possível para ajudar o povo palestino. Divulguem, discutam, façam alguma coisa, mas não fiquem parados. O povo palestino precisa de nossa solidariedade. Ajudem à romper os mitos sionistas da mídia burguesa!

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